FINOM – FACULDADE DO NOROESTE DE MINAS
PROMINAS – PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO LATO SENSU
PAULO FERNANDES PERES
A INCLUSÃO DO ALUNO COM NECESSIDADE ESPECIAL NA ESCOLA REGULAR
Artigo científico apresentado à Faculdade de Educação da FINOM, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Educação Inclusiva e Especial
A inclusão do aluno com necessidade especial na Escola regular é um dos maiores desafios impostos à educação neste principio de século. Estamos ainda dando os primeiros passos em direção á inclusão. Professores, pais, escola e sociedade devem estar comprometidas com esta nova empreitada. No que diz respeito à Escola esta deve fornecer prontamente toda a estrutura necessária parar receber os alunos portadores de necessidades especiais, que vai desde uma simples carteira escolar até a reforma nas instalações, não deixando de lado a adaptação no aspecto pedagógico, o apoio multidisciplinar e o treinamento constante dos professores. O caminho não será fácil, porem é importante ressaltar que por primeira vez na história o respeito às diferenças está sendo de fato incentivado e que um futuro próximo o portador de deficiências especiais tomará seu lugar devido como cidadão.
Palavras-Chave: Um desafio para o educador.
Introdução Atualmente observamos uma mobilização da Escola frente ao novo modelo escolar, que é a inclusão de alunos que apresentam necessidades especiais nas salas de aula do ensino regular. Esse movimento obriga à Escola a refletir sobre princípios desse novo paradigma, que vai desde a convivência desses alunos num espaço comum, a re-estruturação do trabalho pedagógico da Escola como um todo e o investimento na infra-estrutura necessária. Todos os indivíduos portadores de necessidades especiais devem ter garantido o seu direito de acesso e permanência no ensino regular, possibilitando, assim, uma vida independente e uma postura critica perante os fatos ocorridos no cotidiano.
A problemática da inclusão das pessoas portadoras de necessidades educativas especiais no ensino regular vem se constituindo num motivo de grandes preocupações, pois vários tem sido os argumentos que, muitas vezes, impedem a inclusão como também diversos têm sido os fatores que dificultam esse processo no interior da escola que se propõem a enfrentar mais este desafio em educação, abrindo espaço para a diferença e fazendo dela um aprendizado de respeito á cidadania.
Em contrapartida o aluno que não é portador de necessidade especial terá a oportunidade, desde cedo, de conviver com as diferenças e desta maneira aceitá-las e, sobretudo respeitá-las. No Brasil, inclusão, educação inclusiva, escola inclusiva são expressões de destaque nos discursos acadêmicos, nas políticas educacionais, nos documentos norteadores da educação e, articularmente, da educação especial. O princípio de inclusão, sustentado por diferentes correntes político-ideológicas, aparece atrelado ao entendimento de que incluir é a forma de superar a exclusão; de que inclusão se configurou como um novo paradigma social capaz de direcionar a transformação da sociedade excludente em seu oposto e; que a inclusão escolar seria a garantia de inclusão social posterior, em um resgate do ideário da escola como um mecanismo de equalização.
No entanto o direito do aluno com necessidades educativas especiais e de todos os cidadãos à educação é um direito constitucional. A garantia de uma educação de qualidade para todos implica, dentre outros fatores, um redimensionamento da escola no que consiste não somente na aceitação, mas também na valorização das diferenças.
O PAPEL DO PROFESSOR NESSA NOVA POSTURA DA ESCOLA
Apesar de reconhecer a importância da inclusão, é necessário ressaltar que o que se sabe sobre o tema é muito pouco, não podendo afirmar qual seriam suas possibilidades e limitações e quais as melhores formas para viabilizar a sua execução sem o risco de fracassos. Certamente no Brasil as experiências de inclusão ainda são muito incipientes.
O professor é, sem duvida, uma peça muito importante no conjunto que movimenta todo o sistema educacional. Desta maneira é de suma importância que o docente seja devidamente capacitado para receber este novo aluno que está chegando à Escola dando-lhe as ferramentas necessárias para compreendê-lo e orientá-lo devidamente. Apesar de muitas pesquisas constatarem a fragilidade nesse atendimento, principalmente no que se referem ao acompanhamento, critérios de permanência e expectativa do professor quanto a esse aluno. Pois, se o professor não exercer seu papel com competência, com domínio de conteúdos, conhecimento de como se estrutura as relações entre o desenvolvimento cognitivo e a aprendizagem, seu trabalho não terá a eficácia esperada. Ele precisa enfim conhecer o aluno, seus interesses, necessidades e peculiaridades para despertar-lhe o gosto de estudar, para desafiá-lo a construir ativamente o saber, com autonomia intelectual, visão crítica e cooperação.
Como diz Padilha (2004) “juntar crianças em sala de aula não lhes garante o ensino, não lhes garante Escola cumprindo o seu papel, não lhes garante aprendizagem e, portanto, não lhes garante desenvolvimento”.
A inclusão implica uma reforma radical nas escolas em termos de currículo, avaliação, pedagogia e formas de agrupamento dos alunos nas atividades de sala de aula. Ela é baseada em um sistema de valores que faz com que todos se sintam bem-vindos e celebra a diversidade que tem como base gênero, a nacionalidade, a raça, a linguagem de origem o nível de aquisição educacional ou a deficiência.
Os conhecimentos dos diferentes tipos de necessidades especiais que os alunos venham a portar terão que ser profundamente conhecidos pelo professor, a fim de modificar (se assim se fizer necessário) os métodos pedagógicos usados em sala de aula, como a metodologia para a explanação da aula e até o material adequado para o seu desenvolvimento. O primeiro passo é sensibilizar e oportunizar conhecendo todos os professores, orientadores, pais, alunos, enfim, toda a comunidade escolar, pois todos devem desempenhar um papel ativo no processo de inclusão.
No entanto há três componentes práticos interdependentes e importantes no ensino inclusivo. O primeiro é a rede de apoio, segundo, a consulta cooperativa e o trabalho em equipe e o terceiro é a aprendizagem cooperativa, é importante que o professor domine esses componentes, pois eles são muito importantes e servirá para utilização dos benefícios dos arranjos inclusivos. Com isso os alunos aprendem a ser sensíveis, a compreender, a respeitar e a crescer confortavelmente com as diferenças e com as semelhanças individuais entre seus pares.
O PAPEL DOS PAIS, DA ESCOLA
Tanto os pais dos alunos portadores de necessidades especiais como os pais que não possuem filhos nestas condições são responsáveis por promoverem esta integração, que sem duvida alguma, trará para todo o aprendizado das “diferenças” e do respeito com o qual se deve lidar com elas. Os professores e os pais podem ser amigáveis, úteis e corteses mutuamente, mas há uma tensão subjacente inevitável que surge a partir do desequilíbrio de poder entre eles. Muitos pais sentem-se apreensivos e ansiosos quanto irem às escolas porque carregam consigo suas próprias historias de experiência com os professores e com a escolarização.
As escolas, em uma única geração, mudaram completamente, mas muitos pais tiveram pouca experiência direta sobre tais mudanças e obtiveram muitas das informações que possuem através da mídia e de encontros casuais com vizinhos. Pais de crianças com necessidades especiais têm uma grande necessidade de relações de trabalho com professores baseadas no entendimento e na confiança.
A Escola é a instituição responsável pela passagem da vida particular e familiar para o domínio público, tendo assim função social reguladora e formativa para os alunos.
A Escola é a instituição por intermédio da qual a criança se introduz no mundo público, e daí o papel do Estado em relação a todas elas. À família cabe o dever de garantir à criança o que é típico do domínio privado do lar, e ao Estado cabe garantir o direito indispensável da criança à educação Escolar, pois é ela que faz a transição entre essas duas vidas. (MANTOAN).
Acima de tudo, a Escola tem a tarefa de ensinar os alunos a compartilhar o saber, os sentidos diferentes das coisas, as emoções, a discutir, a trocar pontos de vista. É na Escola que desenvolvemos o espírito crítico, a observação e o reconhecimento do outro em todas as suas dimensões. Portanto, toda escola, assim reconhecida pelos órgãos oficiais, deve atender aos princípios constitucionais, não podendo excluir nenhuma pessoa em razão de sua origem, raça, sexo, cor, idade, deficiência ou ausência dela.
No que diz respeito à Escola esta deve fornecer prontamente toda a estrutura necessária para receber os alunos portadores de necessidades especiais, que vai desde uma simples carteira escolar até a reforma. Nas instalações, não deixando de lado a adaptação no aspecto pedagógico, o apoio multidisciplinar e o treinamento constante dos professores.
A sociedade como um todo atuará, mais do que nada como ente fiscalizador, incentivando às Instituições que investem na inclusão dos portadores de qualquer deficiência e reprovando aquelas que não o fazem.
Para uma Escola tornar-se inclusiva, ou seja, uma instituição que, além de aberta para trabalhar com todos os alunos, incentiva a aprendizagem e a participação ativa de todos, faz-se necessário um investimento sistemático, efetivo, envolvendo a comunidade Escolar como um todo. Para isso efetuar-se de maneira satisfatória, é ainda necessário que a Escola tenha estímulo e autonomia na elaboração de seu projeto pedagógico, que possa elaborar um currículo Escolar que reflita o meio social e cultural onde os alunos estão inseridos; que tenha a aprendizagem como eixo central em suas atividades Escolares e que reconheça o enriquecimento advindo da diversidade.
Muitos erros foram cometidos nestes poucos anos em que a experiência da inclusão tem se colocado realmente em pratica. Muitos acertos também foram colhidos. O verdadeiramente importante é termos a mente e o espírito abertos para podermos aprender e, assim, oferecermos às pessoas com deficiência uma melhor qualidade de vida e a integração na sociedade.
Conclusão
O processo de trabalhar em direção a uma sociedade mais inclusiva tem que começar muito antes de a criança ir para a escola. A sua fundamentação repousa em uma sociedade em que pais e mães possam sentir-se apoiados tanto econômica como socialmente para cuidar da família, para criar os filhos; uma sociedade em que as crianças são valorizadas e aceitas e dentro da qual elas possam desenvolver-se.
Talvez o desafio mais importante para o futuro seja o de tornar as crianças e os jovens capazes de falarem por si próprias até mesmo se desafiarem o sistema e as visões de suas famílias e dos profissionais que trabalham com elas. Esse processo deve começar nas escolas, em parceria com os pais, as escolas são os agentes de sociedade para a sociedade para a socialização de seu jovem, mas tradicionalmente não têm visto isso como parte do seu papel para apoiar os seus estudantes na crítica ao sistema ou às decisões tomadas, através de outros, em seu nome. Todavia, se nos preocuparmos em promover a autonomia e o crescimento pessoal, temos que preparar os jovens para confrontar a discriminação e o menosprezo que eles provavelmente encontrarão em um sistema que ainda está trabalhando em direção à inclusão.
Referências Bibliográficas
AMARAL, Lígia A. Conhecendo a Dficiência . São Paulo: Robe, 1995.
MANTOAN, Maria Tereza Eglér et al. A integração das pessoas com deficiência: contribuições para uma reflexão sobre o tema. São Paulo: Memnon, 1997.
MANTOAN, Maria Teresa E. A solicitação do meio Escolar e a construção das estruturas da inteligência no deficiente mental: uma interpretação fundamentada na teoria de conhecimento de Jean Piaget. Tese de doutoramento. Campinas: UNICAMP/ Faculdade de Educação, 1991.
Mitter, Peter
Educação inclusiva: contextos sociais/ Peter Mitter; tradução Windz Brasão Ferreia – Porto alegre: Artned, 2003. 264p ;23cm
ISBN 978-85-7307-960-9
- Educação inclusiva. 1 titulo.
CDU 376:372.3/373
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